quinta-feira, 18 de junho de 2009

Diploma e formação são diferentes

Car@s alun@s,
Reproduzo abaixo texto da professora Isadora Camargos sobre a queda da obrigatoriedade do diploma. Concordo integralmente com ela! Coloco, também, links para outros textos sobre a questão, para que possamos discutí-la de maneira embasada.
Já me manifestei oficialmente a esse respeito no site da Una. Leiam por lá!
Abs a tod@s!

Fim da obrigatoriedade do diploma de jornalista
Por Isadora Camargos

A decisão do STF de desobrigar a exigência de diploma para o exercício da profissão de jornalista caiu feito uma bomba para os meus alunos que terão o canudo no fim do ano. A sensação era que o curso não teria valido nada. Felizmente a realidade não é essa.
O jornalismo mudou, mudou muito, mas ainda não sabe exatamente o que virou. No mundo multimídia a informação deixou de ter dono e todo mundo informa e é informado por um clique. O jornalista era aquele que sabia "tudo" e tinha nas mãos o poder de decidir quem está certo ou errado, quem é o mocinho e quem é o vilão.
O jornalista acreditava que era o único capaz de falar de economia para dona de casa, o único que sabe qual informação era relevante para a sociedade. Mas há mais, há muito mais.
O mesmo jornalista por vezes se esqueceu de escutar a versão do acusado, por vezes aceitou a versão da policia de que o menor assassinado morreu por morte natural sendo negro, pobre e morador da favela. O jornalista por vezes preferiu bater numa empresa porque assim conseguiria a manchete, mesmo que a informação não fosse tão confiável ou confirmada. O jornalista quase sempre tinha o seu político favorito (ou favorito do dono do jornal, o que na prática dá quase na mesma) e fingia ser imparcial.
E o jornalista, montado na sua arrogância de quem tudo sabe, perdeu o bonde da história.
Sou jornalista, amo minha profissão, e lamento que a classe tenha perdido tanto prestígio. A mesma era multimídia que coloca em cheque o poder da mídia faz do profissional que reconhece o que é informação e sabe organizá-la em meio a tanto lixo de megabytes um ator social essencial.
O bom jornalista - aquele que sabe aprender, que está disposto a conhecer o outro, que mantém a crítica social, que conhece de gente, que pelo menos lá no fundo carrega aquele desejo de super-homem de consertar o mundo - usa tudo isso para identificar a informação e sabe como dizê-la a quem quer que seja. O bom jornalista quer mais que as pessoas se informem e assim se formem. O bom jornalista não precisa ser o dono da informação e não precisa ter medo de alguém parecer mais sabido que ele.
O bom jornalista entendeu um pouco do rumo da história e para esse jornalista não falta trabalho.

Mais discussões sobre o tema:
Monitorando, do Rogério Christofoletti
Webmanário, do Alec Duarte
Carta Capital, com coluna de Ivana Bentes
Observatório da Imprensa, do Alberto Dines
Hélio Paz, do Hélio Paz
Dicas de um Fuçador, de Marcelo Soares
Site da Fenaj

Os estagiários do nosso Laboratório de Comunicação Digital, o F5, fez uma enquete com jornalistas do mercado de MG a partir da pergunta Com a queda da obrigatoriedade, a formação acadêmica continua sendo fundamental? Confira as respostas aqui.

Nenhum comentário: